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AGENDA

01/06/09

ler e depois (1)

Honrado com um convite inesperado da Liliana, apresenta-se este leitor que em seu tempo editou livros (Centelha), vendeu livros ("Erva Daninha", Porto, "Unitas", Coimbra), escreveu livros e, sobretudo, comprou e compra livros à pazada.
Leitor compulsivo, portanto, e impenitente (como consta de alguma modesta colaboração no blog "Incursões" agora sediado no sapo) virei até aqui trazendo pequenas notas de leitura, sempre sobre livros que existam no mercado e, especialmente, no "Pátio de Letras" já que é o blog deste exaltante espaço de cultura que fidalgamente me acolhe.
Ainda não sei bem como é que levarei esta "carta a Garcia" tanto mais que, como disse, sou um comprador compulsivo, sofro com a falta de tempo para ler metade do que compro, tenho remorsos pelos livros que se vão amontoando, acusadoramente, à espera de vez e sonho com um dia de 30 horas ou com o milagre de regressar vinte anos atrás, época em que conseguia varar noites inteiras a ler que nem um desesperado.
Para estreia, vejamos as novidades, algumas novidades, editoriais sobre a história nossa, portuguesíssima, do século XIX.
Escolhi esta época porque se alguma fronteira política, social e até religiosa há na nossa história mais recente é esta: entre as invasões francesas e o cabralismo mudou tudo ou, pelo menos, mudou muito: o antigo regime afundou-se com a fuga da família real, a invasão, as guerras civis (e a resistência aos franceses foi isso mesmo) e o movimento constitucionalista. Desde a Constituição vintista à Carta outorgada e às sucessivas revisões constitucionais.
Daí que vos proponha sem mais preâmbulos três textos igualmente interessantes, profundamente diferentes mas que, valendo cada um de per si, juntos dão ao leitor prudente um panorama vivo e riquíssimo desta transição.
Comecemos pelo óbvio: José Acúrsio das Neves, "História Geral da Invasão dos Franceses em Portugal e da Restauração deste Reino" (Afrontamento). É um calhamaço com mais de quinhentas páginas, escrito numa linguagem viva onde perpassam, sob a pena de um conservador, muitos dos traços das elites que lutaram contra os franceses que instruções reais e algum sentimento liberal tinham recebido com demasiado preito de menagem.
De seguida, e para não perder tempo, a magnífica síntese de Vasco Pulido Valente, "Ir pró Maneta" (Aletheia). VPV, seguindo o guião de Acúrsio, demonstra como sob a guerra contra o invasor perpassa uma outra bem mais profunda e civil. Digamos que isso explicará, e bem, o clima retratado por Maria de Fátima Bonifácio em "Uma História da Violência Política, Portugal de 1834 a 1851" que, de certo modo mostra outra vez que os "brandos costumes" tão apregoados por alguns abencerragens do jardim lusitano, não foram sempre assim tão inócuos.

Três livros prometi mas nesta matéria isto é como as cerejas. É que MF Bonifácio, autora de uma excelente biografia de D. Maria II, tem outros dois livrinhos, mesmo a pedir que os leiam, sempre sobre este inesgotável século XIX: "O século XIX português" (Imprensa de Ciências Sociais) e "História da Guerra da Patuleia, 1846-47" (Estampa).
E Vasco, sempre ele, publicou recentemente uma recolha com o título "Portugal ensaios de história e de política" o primeiro dos quais versa precisamente este tema de que venho falando. Aliás VPV tem no seu extenso rol de obras duas outras sobre temas conexos ("Os Devoristas, a revolução liberal 1834-1836", Quetzal, eventulmente republicado na Aletheia) "Os militares e a política (1820-1856)" na Imprensa Nacional.

E chega! Bem vos adverti que sou um leitor impenitente e compulsivo. Mas, como diz algum familiar meu, antes isso do "vinho, jogo e drogas". Vá lá que não falou em "sexo"...

1 comentário:

Liliana disse...

Um sonoro e prolongado BEM VINDO M.C.R.! Tê-lo a colaborar neste modesto blog é uma honra e, sobretudo, um enorme MIMO, para os leitores e para MIM, que bem preciso deles - dos leitores e dos mimos :) :) :)

Bem haja amigo!