ABRIMOS NOS DOMINGOS 15 e 22 DEZ.

Aberto de 2ª a Sábado
das 10h às 14h e das 15h30 às 19h30
abrimos à noite para as sessões agendadas

AGENDA

27/11/10

OLHARES - UNIDOS NA DIVERSIDADE

Sábado 4 de Dezembro, às 21h30 - inauguração da exposição fotográfica e debate com representantes das comunidades cristã (Padre Miguel Neto), judaica (Claudio Bassani) e islâmica (Radhouan Ben-Hamadou) e dos organizadores (Fabio Carbone e Vaso Cartó, da  HERA - Associação para a Valorização e Protecção do Património)
(clicar nas imagens para aumentar)


exposição patente até 31 de Dezembro

24/11/10

Mário Zambujal, a dama de espadas ou a crónica dos loucos amantes


«As paixões arrebatadas são como o vinho das melhores castas: primeiro alegram, depois embriagam, um dia azedam.»

Mário Zambujal, Dama de Espadas. Crónica dos loucos amantes (2010)
Se me fosse pedido para assinalar uma constante da personalidade do povo português, apontaria de pronto, sem grandes rebuços ou receios de errar, a capacidade que a sabedoria dos séculos lhe tem outorgado de caldear as conjunturas mais cabeludas da vida com uma boa e sonora gargalhada de autocrítica bem-disposta e retemperadora. Que o digam os escárnios e maldizeres das cantigas trovadorescas, as farsas e comédias do teatro vicentino, as ousadias satíricas de Bocage, as paródias naturalistas de Camilo, as ironias corrosivas de Eça, as caricaturas desenhadas do Bordalo e um punhado bem-medido ainda de apodos e motejos sarcásticos, semeados a torto e a direito, um pouco ao deus-dará e ao sabor da maré, pelas mais diversas formas de expressão artística que a modernidade contemporânea tem ensaiado. O anedotário popular tem andado à rédea solta por aí, sem medos nem temores das repressões mais aciduladas, a marcar as balizas culturais com que os sucessivos períodos de apogeu e decadência têm marcado de modo inconfundível o nosso percurso multissecular pela história.

O humor à portuguesa só terá um rival à sua altura no amor à portuguesa. Por vezes associam-se tacitamente e dão corpo às mais saborosas diatribes literárias compostas em verso e prosa a essa castiça imagem de marca de ser o homo lusitanus um pinga-amor inveterado, sempre à procura de novas paixões arrebatadas que lhe preencham os dias e deem verdadeiro sabor à vida. A fama vem de longe, extravasou fronteiras e tem alimentada a verve dos mais destacados vultos da república das letras. Mário Zambujal compara-as aos vinhos das melhores castas nas páginas da Dama de Espadas (2010), que alegram, embriagam e azedam, numa cadência tão fatal como o próprio destino dos homens de nascerem, viverem e morrerem. A sentença é proferida por uma personagem secundaríssima do romance e funciona um pouco como síntese de toda a fábula. Uma história de amores cruzados relatada pelo protagonista. Um entrecruzar de encontros e reencontros fortuitos que ficção tão bem sabe imitar da realidade. Um conjunto de cenas inesperadas e de comicidade permanente que a arte de contar do autor nos tem vindo a habituar de há três décadas a esta parte.

O argumento desta Crónica dos Loucos Amantes (assim reza o subtítulo) é fácil de traçar mas não enveredarei por essa via. Seria roubar aos potenciais leitores o prazer de o descobrirem por si sós, em primeiríssima instância. Limitar-me-ei a dizer que o herói central não deverá ser entendido como um caso perdido de marialvismo fadista irreversível, uma figura-tipo canónica que a tradição castiça tem registado profusamente ao longo dos tempos, tão ao agrado de uns e desagrado de outros. Filipe namora Rosália, apaixona-se por Eva e vive com Graziela. Simples. Puro equívoco. O baralho de cartas com que o intriga se vai tecendo elege a dama de espadas como agente máxima de todas as forças em jogo e põem-na a comandar os fios do destino que regem as relações humanas. O amor e a morte acabam por andar de mãos dadas, convertendo a quase novela passional em livro policial, com um arzinho canalha complementar de reportagem jornalística falhada. Mas como a viúva de serviço ao enredo assiste ao enterro do marido «elegantemente vestida de amarelo», todo a ato fúnebre se transmuda em pantomina burlesca e o melodrama de faca e alguidar em tragicomédia de rir e chorar por mais, como convém nestes tempos conturbados em que vivemos os nossas próprias misérias e imaginamos as alheias.

A boa disposição de Mário Zambujal é contagiante. Conhece-mo-la desde que nos brindou com essa hilariante Crónica dos Bons Malandros da palma da mão à ponta da unha (1980). Entrou de rompante pela porta grande da literatura e aí se tem mantido de pedra e cal como só ocorre com os grandes criadores. Mesmo daqueles que o fazem com palavras simples e sem artifícios discursivos na moda. A sobriedade compositiva ao serviço da escrita, bem à margem de subterfúgios estéticos e malabarismos estruturais. O público tem gostado e a crítica aplaudido. O segredo do sucesso editorial do romancista e dos romances está revelado.

21/11/10

Um Funeral de Cinza Mescla - Leituras Perniciosas: 26/11, 21h30

No Pátio de Letras a "A ÚLTIMA SEXTA-FEIRA" de 2010 é já no dia 26...
A imagem de divulgação da sessão é das mais fortes das inúmeras com que fomos divulgando as sessões culturais que organizámos ou acolhemos... parabéns por isso aos participantes pelo seu contributo e à equipa do Pátio por mais este "produto" comunicacional de gabarito :)
Mas se a imagem é forte, imaginem o conteúdo...O Joaquim Morgado e o Rogério Cão prometem uma noite altamente perniciosa ou não fosse a última sessão das Leituras em 2010... AGENDEM JÁ e No dia 26 á noite digam "presente"!

17/11/10

O novo e os novíssimos Gonçalo M. Tavares

Matteo perdeu o Emprego
 (Porto Editora – PVP 15,50 €)

Ironia e talento, um autor inacreditável. - Courrier Internacional

Um Kafka Português. Irá Gonçalo M. Tavares tornar-se tão exportado como o vinho do Porto ou a saudade? - Le Figaro Magazine

Tavares criou algo atraente, sombriamente belo e inspirado, e totalmente original. - The Independent

Uma Viagem à Índia
 (Ed. Caminho – PVP 25 € )
Com consciência aguda da sua ficcionalidade, navega e vive entre os ecos de mil textos-objectos do nosso imaginário de leitores. Como todos os grandes livros, e este é um deles. - Eduardo Lourenço

A chegar...

O Senhor Eliot e as conferências
(Ed. Caminho – PVP 13,90 €)
Desta vez, Gonçalo M. Tavares escolhe o Senhor Eliot para aumentar as personalidades que habitam o seu Bairro. E o Senhor Eliot faz sete conferências sobre versos de outros sete poetas. No mesmo nível de inteligência, um dos mais destacados nomes da literatura portuguesa lança agora o décimo livro desta colecção.

14/11/10

Mario Vargas Llosa, os folhetins da tia Júlia & do escrevedor


«En ese tiempo remoto, yo era muy joven y vivía con mis abuelos en una quinta de paredes blancas de la calle Ocharán, en Miraflores. Estudiaba en San Marcos, Derecho, creo, resignado a ganarme más tarde la vida con una profesión liberal, aunque, en el fondo, me hubiera gustado más llegar a ser un escritor.»
Mario Vargas Llosa, La tía Julia y el escribidor (1977)
Uma das imagens mais vivas que guardo da infância é a de observar a minha avó encostada à telefonia a ouvir a Simples-mente Maria patrocinada pelo teatro Tide, a história mirabolante e interminável da «coxinha», folhetim radiodifundido pelas ondas hertzianas já não sei se da Rádio Renascença se do Rádio Clube Português. Pouco importa. Lembro-me de a ver chorar, gritar, barafustar e interpelar as personagens à espera de uma resposta que naturalmente nunca lhe era dada. Com o meu avô as coisas passavam-se de modo mais calmo. Para além das partidas de hóquei em patins em que Portugal ainda ia ganhando títulos à Espanha, limitava-se a seguir muito tranquilamente os folhetins que O Século ou o Diário de Notícias publicavam regularmente em tiras destacáveis, que depois recortava e coligia metodicamente para memória futura. Passados esses instantes mágicos, gostaria de saber a forma como reagiriam às versões atualizadas das telenovelas transmitidas em doses industriais e sotaques variados pelos canais abertos da RTP, TVI ou SIC. As circunstâncias obrigam-me e ficar pelas meras conjeturas que até nem são muito difíceis de gizar.

Mario Vargas Llosa não nos descreve nas páginas d’ A tia Júlia e o escrevedor (1977) nenhuma cena semelhante à que presenciei nos meus tempos de menino e moço em período de férias estivais. Limita-se a recuar até essa já longínqua década de 50 (em que as radionovelas eram rainhas também na outra margem do Atlântico e competiam renhidamente pela liderança na guerra das audiências) ao encontro de um jovem peruano de 18 anos de idade, estudante universitário de direito, diretor de informação na Radio Panamericana, biscateiro coercivo de muitos mesteres e contista praticante nos escassos momentos livres que lhe restavam. Os amigos e familiares tratam-no por Marito ou Varguitas e os colegas por don Mario, mas nenhum deles por Llosita, diminutivo que nós, leitores, gostaríamos de ver averbado no papel, para lobrigarmos o autor convertido no protagonista e narrador do romance que temos entre mãos a revelar-nos, de viva voz, os primeiros passos que traçara nos meandros da escrita e do amor. As nossas suspeitas converter-se-iam em certezas, mas a ficção literária seria lamentavelmente traída pela biografia factual.

A urdidura deste relato das aprendizagens do herói reparte-se por dois eixos narrativos paralelos já anunciados no título: a tia Júlia e o escrevedor. Dois bolivianos de nascimento que os acidentes da vida colocaram em terras peruanas. Com a primeira, irmã de uma tia por afinidade, divorciada, à procura de marido e com 32 anos de idade, estabelecerá um complexo relacionamento sentimental, marcado pelo enamoramento dissimulado, casamento proibido e separação consentida. Com Pedro Camacho, o escriba de folhetins radiofónicos de maior sucesso em todo o espaço sul-americano, na casa dos 50 anos, erigirá uma ténue camaradagem profissional, própria de quem é obrigado a privar quotidianamente em locais contíguos de trabalho. Afastado o labéu do incesto do primeiro caso, sobram-nos as peripécias novelescas do segundo. Surpreendentes, espantosas e inconclusas todas elas, como convém ao género. Nos nove libretos esboçados, predominam as alusões a tragédias, dramas, parábolas e desventuras mil, a dar corpo a outros tantos rádio-teatros transmitidos simultaneamente ao longo do dia pela Rádio Central. O cansaço provocado pela criação em série leva o criador a confundir os episódios, a misturar os textos, a trocar as personagens, a baralhar os ouvintes. O recurso providencial a incêndios, terramotos e naufrágios catastróficos para reparar as barafundas criadas não é bem aceite pelos produtores que o internam por insanidade mental.

A tia Júlia e o escrevedor não é o primeiro nem o último romance de Mario Vargas Llosa. Nem pouco mais ou menos. É aquele em que se traça a história de alguém que deseja a todo o custo singrar nos universos da escrita, que se inspira nas histórias reais de vida para compor uma série de contos que um olhar crítico mais atento aconselha a remeter para o caixote do lixo. Conhecemos o argumento de seis deles. Ignoro se algum terá sido recuperado e publicado em livro. A obra do autor é vasta e as minhas leituras diminutas. Composto 33 anos antes de ter sido galardoado com o prémio Nobel da literatura, o relato autobiográfico do mestre dos sete ofícios acaba por ser uma premonição do próprio percurso do romancista. A arte de criar enredos está toda presente nas formas narrativas convocadas: a novela de aprendizagem, o folhetim radiofónico e o conto realista. A academia sueca apercebeu-se desse percurso ímpar e agiu em conformidade. O nosso aplauso e está tudo dito…

10/11/10

novidades editoriais: destaques Pátio de Letras

Ficção: LUIS SEPULVEDA- HISTÓRIAS DAQUI E DALI; ROBERTO BOLAÑO - LITERATURA NAZI NAS AMERICAS

Ensaio: O novo e o anterior de JACQUES RANCIÈRE: ESPECTADOR EMANCIPADO e MESTRE IGNORANTE

Design de comunicação (secção em crescimento no Pátio de Letras): ALFABETOS - CALIGRAFIA E TIPOGRAFIA

E finalmente, da Ed. Ullmann (em português), com direito a caixa e saco de pano… PVP 172,00 €


08/11/10

Segunda edição do Ciclo Artes e Comunicação do CIAC

No dia 18 de Novembro, quinta-feira, pelas 18h00, o Pátio de Letras, em Faro, será palco do segundo evento do Ciclo de Artes e Comunicação do CIAC (Centro de Investigação em Artes e Comunicação), da Universidade do Algarve.


O Ciclo de Artes e Comunicação consta de sessões de lançamento dos livros e revistas publicados pelo CIAC.
Esta segunda edição apresenta o livro Cenários em Ruínas. A realidade imaginária contemporânea, da autoria do Professor Doutor Nelson Brissac Peixoto, da Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo (PUC/SP, Brasil), e a edição nº35 da Revista Iberoamericana Comunicar, publicada pela Universidade de Huelva.

Cenários em Ruínas. A realidade imaginária contemporânea, o segundo livro da colecção Artes e Media, uma parceria do CIAC com a editora Gradiva, apresenta ensaios sobre cinema e debate o modo como as imagens contemporâneas moldam a nossa concepção de nós mesmos e do mundo que nos rodeia. Num retrato claro da condição contemporânea de ser estrangeiro no próprio país, o livro de Nelson Brissac Peixoto abre-nos as portas do mundo onde tudo é *imagerie*, personagens de histórias criadas pelo cinema. Esta mitologia pop tende, num mundo saturado pelos media, a perder todo o significado. Mas também pode ajudar a construir a nossa identidade e o nosso lugar. Tudo narrado através dos romances e filmes de detective, das histórias de viagens e westerns, retomados pelo cinema contemporâneo – de W.
Wenders a J. Jarmush – com o tema do exílio interior.

A revista Iberoamericana Comunicar nº 35 é uma edição especial conjunta do CIAC e da Universidade de Huelva, cujo Dossier Temático bilíngue (espanhol e inglês), coordenado pelo Prof. Doutor Vítor Reia-Baptista, incide sobre As Linguagens Fílmicas como suporte da Memória Colectiva  Europeia

O evento contará com a presença do Professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica da PUC-SP, Nelson Brissac Peixoto, do Prof. Doutor Ignacio Aguaded-Gómez, editor e Vice-Reitor da Universidade de Huelva, e dos Professores Mirian Tavares e Vítor Reia-Baptista, Investigadores do CIAC e Professores da Universidade do Algarve.

Mais uma iniciativa do CIAC a não perder!

6ª f 12 Nov, 21h30 - Homenagem a Alvaro Cunqueiro

"A editora Guerra e Paz vai lançar a tradução portuguesa (da mão de António Paço) do livro O ano do Cometa, do genial Álvaro Cunqueiro. Fui convidado para, junto com o tradutor, fazer a apresentação. O evento é no Pátio de Letras na sexta dia 12 de Novembro às 21:30 horas.

Falaremos um bocadinho sobre o autor, o livro e a maravilha de sonhos que traz consigo. Pode que também se fale de Merlín, Simbad, o incerto senhor Dom Hamlet ou músicos franceses que viajam em carruagens acompanhados por mortos. Quem sabe?

Seria ideal contar com a vossa presença.

Antonio Mira"


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04/11/10

SERIGRAFIAS e GRAVURAS de autores portugueses

bem como livros com e sem serigrafias - no Pátio de Letras para venda, a "preços de crise"

ALVARO SIZA        BARTOLOMEU CID          
CARLOS CALVET       CRUZEIRO SEIXAS         
GRAÇA MORAIS             JOAQUIM RODRIGO
 LIMA DE FREITAS          MANOLO MANTERO
MANUEL CASIMIRO           NIKIAS SKAPINAKIS
PAIVA RAPOSO                RODRIGO FERREIRA       
ROCHA DA SILVA

Sábado 6 Nov., 21h30


 Sábado 6 de Novembro, 21h30, no Pátio de Letras
Apresentação da exposição e debate com

Regina Marques - Membro do Conselho e Direcção Nacional do MDM
Radhouan Ben-Hamadou  - Associação de Cultura Islâmica do Algarve

Música e Poesia com :
Afonso Dias
*

Exposição patente de 6 a 30 Novembro 2010

03/11/10

no prelo: Direito Internacional da Pobreza - um discurso emergente


AUTOR: LUCY WILLIAMS

Editora: SURURU
Colecção:
ECONOMIA E DEMOCRACIA

PVP: 20 €

Dicionário de Língua Gestual Portuguesa

Obra de referência na área da Língua Gestual Portuguesa

Valioso instrumento de educação e de promoção da cidadania
Cerca de 5000 entradas
Mais de 15 000 imagens ilustrativas
Descrição de todos os gestos
Organização acessível e clara
Anexos com as principais configurações usadas na obra

Vídeos de todas as entradas reunidos no DVD-ROM que acompanha o dicionário

O Dicionário de Língua Gestual Portuguesa representa, tanto do ponto de vista social, como cultural, um marco na valorização desta forma de expressão que é, desde 1997, uma das línguas oficiais de Portugal.

Foi organizado especificamente para o contexto português por Ana Bela Baltazar, especialista em língua gestual, que exerce funções de intérprete na Rádio Televisão Portuguesa e na Associação de Surdos do Porto e é presidente do Centro de Tradutores e Intérpretes de Língua Gestual, para além de ter a seu cargo a docência de várias disciplinas do âmbito da Língua Gestual.

Preenchendo uma lacuna há muito sentida no mercado editorial português, este dicionário procura auxiliar uma comunidade cada vez mais vasta de utilizadores, quer a título pessoal ou profissional.