Há em muitas das estantes das famílias dos anos quarenta livros seus: Amok, a história do louco da Malásia, Vinte e Quatro Horas na Vida de uma Mulher, O Jogador, bem como as várias biografias que escreveu: Fouché, o chefe da polícia francesa, Maria Antonieta, Fernão de Magalhães, tantos outros.
A sua trágica morte, por suicídio conjunto com a mulher, no Brasil, país a que se acolhera, refugiado do nazismo, impressionou indelevelmente as consciências.
Zweig está a regressar, porque a boa Literatura é intemporal e porque na sua narrativa está presente não o mundo de ontem mas o homem de sempre.
Carta de uma desconhecida é um dos seus escritos de juventude, mas já se pressente nele a mestria de um grande escritor.
O leitor contemporâneo, ao ter ante si estas linhas, terá que vencer a relutância natural que nos dias de hoje se gerou quanto às histórias sentimentais. Trata-se de uma carta escrita por uma mulher, tendo por companhia o corpo do filho morto, ao homem a quem se dedicou em «veneração apaixonada».
A carga dramática e o paroxismo na dor só a percebe quem tenha sabido conviver com a vulgaridade medíocre de todas as ridículas cartas de amor.
«(…) por isso fiquei tão feliz quando soube que tinha uma criança tua, por isso não te disse nada: afinal agora já não podias escapar-me», escreve a personagem, na página 44. Uma mulher entende isto no seu íntimo, um homem compreende-o no seu intelecto se souber sentir o que é uma mulher.»
A tradução, aqui e além questionável, é da autoria de Fernando Ribeiro, professor de Literatura alemã da Universidade Nova de Lisboa.
JAB
24 horas na vida de uma mulher
Da mesma editora (Esfera dos Livros) a obra de referência de Stefan Zweig, igualmente disponível no Pátio de Letras.
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