Prémio Nobel da Literatura 2009
"A Terra das Ameixas Verdes é uma obra sublime, um relato contido e agudo de existências em perigo sob a ditadura de Ceausescu. Romance político? Também. Mas é sobretudo um poderoso libelo contra a desumanidade tortuosa dos sistemas de governo cuja legitimidade deriva do silêncio e do medo. Um romance polifónico e anónimo: da maior parte das personagens conhecemos apenas o primeiro nome; da narradora, nem sequer isso…
Partindo do (aparente) suicídio de Lola, uma jovem - a narradora anónima - encontra apoio num grupo de três rapazes que, com ela, se interrogam e procuram entender tanto a morte de Lola como a sua própria impotência perante um regime que não se abstém de humilhar e silenciar todos aqueles que ousam desafiá-lo. Os quatro irão enfrentar os meandros de um poder corrosivo que visa diminuí-los e isolá-los, aniquilando-lhes a vontade e a capacidade de ter esperança.
Romance de resistência. Resistência ao silêncio asfixiante, porque cúmplice e perpetuador de despotismos, A Terra das Ameixas Verdes é um texto de «palavra difícil» porque as palavras apodrecem verdes na boca, trivializando experiências de terrível indizibilidade. Como dizer o medo da experiência? Como descrever a vontade de morrer? E no entanto, há o imperativo de dizê-lo.
Entre o silêncio impossível e a palavra estrangulada, esta é uma história de feridas jamais fechadas e do despudor impenitente de uma ditadura insidiosa que, obrigando à interiorização, sobreviveu nas marcas inelidíveis que deixou nos corpos e nas almas. "
in wook
Sem comentários:
Enviar um comentário