Acordo, é cedo. Fecho os olhos, estico os braços, ganho balanço e mergulho no escuro viscoso da minha inexistência. Tenho frio, visto-me de frases e lugares comuns de pessoas estranhas. Na televisão alguém chora e isso deixa-me feliz. Afinal não estou só.
No passar do dia, dos dias, espero por ti, e tu indiferente ao meu desesperar. Apoio os braços na janela, o queixo nos braços, os olhos na estrada, vazia. A minha respiração no vidro ofusca o meu ver, cria gotículas minúsculas que se multiplicam, que se juntam, tornam-se maiores e escorrem lacrimejantes no único sentido que lhes é possível.
Rui António
Rui António é professor do ensino secundário desde 1996 nas áreas de Informática, Fotografia e Multimédia.
Lecciona as disciplinas de Fotografia, Programação Multimédia, Tratamento de Vídeo e Concepção e desenvolvimento de projectos multimédia, na Escola Secundária João de Deus, em Faro.
Fez workshops nas áreas de vídeo e fotografia com Konstantin Bronzit, Tony Costa, Graça Castanheira, José Pessoa, José Soudo entre outros.
Realizou várias curtas-metragens, a destacar, “A Refeição”, “Cronoscópio”, “WC”, “Terapia”, “O Pintor”, “Minuete”, “Horácio Silva Pacita” e um vídeo-teatro intitulado “Zapping”.
Publicou fotografias nas revistas “Em Cena” e “Sul”.
Apresentou trabalhos de fotografia em várias exposições individuais e colectivas.
A fotografia revelada quimicamente a preto e branco continua a ser a sua grande paixão. Actualmente aposta na revelação em grande formato.
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