Por ocasião do aniversário da rendição da Alemanha, a 7 de Maio de 1945, a historiadora/investigadora Margarida Magalhães Ramalho apresenta a sua recente obra "Lisboa Uma Cidade Em Tempo De Guerra," Ed. INCM.
Trata-se de um livro de histórias verídicas sobre um período ímpar da história em Lisboa, a Segunda Guerra Mundial. Ao longo da obra, a autora aborda temas como os refugiados, as alterações que a presença destes provocou na capital lisboeta, as guerras da propaganda e as teias tecidas pela espionagem internacional.
Nas palavras da autora, ficam algumas linhas sobre a obra:
“Enquanto investigadora, andei durante anos de volta de documentação relacionada com a passagem de refugiados em Portugal durante a II Guerra Mundial. Desse trabalho surgiu, entre outras coisas, o Museu Virtual Aristides de Sousa Mendes, uma iniciativa exclusivamente da sociedade civil e que está on line há alguns anos aqui.
Talvez por isso, fui, em 2011, convidada pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda para organizar um livro que abordasse a temática da espionagem internacional durante o último conflito mundial. Não sendo esse o meu campo de investigação, contrapropus um livro que apresentasse Lisboa durante os anos da guerra, já que, por força das circunstâncias, a esquecida e provinciana capital portuguesa, tinha-se tornado, no porto de esperança que todos queriam alcançar. Por essa razão, por aqui passarão, em trânsito, milhares de pessoas. Gente comum, na sua maioria, mas também casas reais no exílio, membros de governo de países ocupados, militares, artistas famosos, cientistas e muitos intelectuais.
A cidade teve, necessariamente, que se adaptar aos novos tempos. Hotéis e pensões a abarrotar, centenas de carros nas avenidas e, imagine-se, mulheres sozinhas a fumar na rua, sem meias, que frequentam cafés e esplanadas. Um escândalo…. Lisboa será também palco da espionagem internacional e das guerras da propaganda, aliada e pró eixo. E para contentamento de muitos, aos quiosques vão chegar, livres de censura, os principais jornais e revistas europeus.
A partir de 1942, Lisboa prepara-se ‘para a guerra’: a iluminação pública é pintada de azul, as janelas enchem-se de tiras de papel para prevenir estilhaços em caso de bombardeamento, fazem-se abrigos anti-aéreos na Baixa e no alto do parque Eduardo VII aparecem os primeiros balões de barragem. Com a escassez dos bens essenciais, surgem as filas de racionamento. Para muitas famílias começam então tempos difíceis que só terminarão alguns anos depois da guerra.
Este livro não pretende ser um livro de História, mas sim de histórias. Por isso foi concebido de uma forma mais informal, com capítulos independentes que podem ser lidos ao sabor da vontade de cada um. Para cada um deles, escolhi temas incontornáveis – embora outros possíveis houvesse. Nasceram assim cinco capítulos: Todos os caminhos vão dar a Lisboa, Uma cidade em tempo de guerra, Spyland, Duas faces da mesma moeda e Vitória aliada, esperança adiada. Cada capítulo integra diferentes abordagens – materializadas em vários subcapítulos – razão pela qual optei, no início de cada um, por apresentar um pequeno resumo que ajude o leitor a saber o que pode encontrar nas páginas seguintes. A aproximação a cada tema apoia-se em documentação de arquivo, registos de imprensa, citações bibliográficas e alguns testemunhos pessoais.
Sendo um trabalho mais de divulgação do que especializado, muito ficou por dizer. No entanto, para aqueles que queiram aprofundar esta temática, existe no final uma série de pistas bibliográficas para os ajudar a ir mais longe. Para os que gostam de partir à descoberta da cidade, o livro vai acompanhado de um guia desdobrável, bem ao jeito dos anos de 1940, onde, num mapa da cidade, vão assinalados alguns percursos relacionados com o tema da obra.
Profusamente ilustrado, o livro tem design de Henrique Cayatte com Susana Cruz.”
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