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AGENDA

16/07/08

inauguração: algumas das palavras ditas


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Tudo começou há vinte anos: decidi então juntar à vida que já tinha vivido como advogado, uma outra, a aventura da escrita.
O tema surgiu, como tanto do que é importante na vida, de um acaso.
Comecei a escrever artigos na imprensa, assinando-os com parte do meu nome: Chamo-me José António Rebelo da Silva Barreiros, assinava como António Rebelo da Silva. Simbolicamente era parte de mim que assim se representava, a mostrar que restava o outro, para o qual sobejavam os nomes de José Barreiros.
Um dia, ganhei ânimo e juntei tudo em livro. Felizmente está esgotado, porque é daquelas obras que não nos envergonham, fazem-nos apenas sentir um acesso de timidez pela sua ingenuidade. Chama-se A Lusitânia dos Espiões.
Foi assim que surgiu este interesse pela guerra secreta em Portugal, entre 1939-1945. Verdadeiramente não sei porquê, mas na vida nem tudo tem explicação, porque há o mistério.
(...)
Ao longo de todos estes anos, e vinte anos é uma vida, fui comprando livros, ouvindo testemunhos, reunindo documentos. Viajei. Fui e tenho sido o mecenas desta minha devoção.
(...)
Eis porque surge este Espaço de Memória. Ele é um dos primeiros actos de despojamento do que reuni na vida, restituindo, organizado, o que encontrei disperso.
Todo o acervo documental que agora existe, e que irá doravante ser aumentado, ficará aqui, nesta cidade de Faro, para que possa surgir vida deste papel ressequido, para que o testemunho possa ser transmitido, qual estafeta na maratona, aos que se seguirem.
(...)
Este Espaço de Memória é o fecho lógico de um trajecto que começou pela escrita.
Uns anos depois de ter dado à estampa a minha primeira obra, tentei a aventura de ser editor dos meus próprios livros, para que pudesse encontrar esse alguém que desse a este esforço de investigação a resposta pronta e interessada que o meu empenhamento reclamava.
Devo à Liliana o inestimável contributo que permitiu criá-la, a esse pequena editora, trabalhando afincadamente para que ela exista, fazendo comigo todo o trabalho do mais nobre ao mais braçal, sacrificando o tempo, mobilizando ambos o esforço, o capital, a raiva de querer conseguir. Arriscámos tudo nesse projecto, vivemos maus momentos para que a obra fosse possível.
Nasceu assim «O Mundo em Gavetas», um projecto que desde logo ambicionou editar outros autores, abranger outros temas e que espera fazê-lo, assim o tempo nos permita organizarmo-nos. Só que o nosso modo de organizar é criar mais um andar em cima de um outro que ainda está em obras, como se o céu fosse o limite e as forças infinitas.
(...)
O Espaço de Memória, quer ser uma oportunidade de convívio cultural.
A mediocridade sente-se quando as pessoas falam de pessoas em vez de coisas, a grandeza pressente-se quando as pessoas falam enfim de ideias.
À vossa volta, uma livraria, um centro de exposições, uma oportunidade à fraternidade intelectual.

José António Barreiros

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