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AGENDA

05/12/09

"Devorem Poesia!"

artigo de Ana Oliveira, no Jornal do Algarve, 3/12/09

"Foi no dia 28 de Novembro que o Pátio das Letras teve a honra de lançar a nível nacional o último livro de Teresa Rita de Fernando Lopes. Desta vez foi mais um livro de poemas a que a autora intitulou O Sul dos Meus Sonhos.
A representar a editora Gente Singular esteve Rosa Mendes, que se congratulou pelos dois anos de vida desta recente editora, regional mas não regionalista, como fez menção de realçar.
(...) O facto de Teresa Rita Lopes ter escolhido a editora Gente Singular para lançar o seu livro de poemas foi, segundo Rosa Mendes, motivo acrescido de orgulho e satisfação, não só por Teresa Rita Lopes ser o vulto reconhecido na cultura portuguesa, mas também por ser algarvia, mais concretamente de Faro.

(...) Rui Moura musicou alguns poemas da autora, aguçando o apetite do público para a leitura daquelas palavras com sabor a Sul, como o poema que diz: "Ruas de Alcoutim/Calçadas com pedras da Ribeira".

A José Louro, amigo de longa data desta autora, seu colega de curso, coube a tarefa de apresentar o livro O Sul dos Meus Dias. Um curso, que segundo o professor, gerou uma forte contribuição para a cultura, sobretudo por parte de algarvios. Num clima informal, de amigos que se estimam e admiram há largos anos, José Louro ou-sou falar da escrita de Teresa Rita Lopes. Começando pelos olhos e pelo olhar especial que encontra na mulher algarvia, José Louro foi discorrendo sobre a escrita de Teresa Rita, detendo-se especialmente na sua escrita para teatro, mais concretamente no texto que encenou para a Companhia de Teatro do Algarve, ACTA, intitulado As Tranquilas Aventuras do Diálogo, interpretado magistralmente por Luis Vicente, Jorge Soares e Pedro Ramos. Falou da poesia de Pessoa em diálogo com Álvaro de Campos e com Jorge Luis Borges, falou da nudez dos corpos que se podem dissolver em poesia e da aventura que foi pôr em cena um texto de Teresa Rita Lopes.

Quanto ao Sul dos Meus Sonhos, José Louro preparou uma apresentação em articulação com o actor Rui Cabrita, que lia os poemas que José Louro ia nomeando. Um poema que mereceu especial destaque para José Louro foi aquele em que Teresa Rita confessou "Hoje fiz gazeta e fiquei em casa". Parafraseando Mário Césariny e o seu magnífico poema "Há uma hora, há uma hora certa/que um milhão de pessoas está a sair para a rua / Há uma hora desde as sete e meia horas da manhã/que um milhão de pessoas está a sair para a rua", José Louro encontrou um ponto de ligação com o verso "hoje falto ao escritório, pontualmente, todas as manhãs" e elogiou esta coragem de fazer gazeta e conversar com as plantas, nomeando-as e olhando o rio Tejo do cimo do seu "jardim suspenso" em Almada.

Para José Louro, o livro de Teresa Rita Lopes divide-se entre o berço de Faro, o mar de Cacela, os montes de Alcoutim, os jardins suspensos sobre o Tejo da sua casa em Almada. Este livro é o testemunho do sentimento de pertença a este Algarve que Teresa Rita nunca renegou. O poema "sou daqui" é bem o exemplo desse orgulho de mulher algarvia que, apesar de cosmopolita, da sua vivência de 13 anos de professora universitária em Paris, da cátedra na Universidade Nova de Lisboa, nunca esqueceu. Não esquece as amendoeiras, as amoreiras, oferecendo-se generosamente a quem queira provar das suas amoras.
Da velha amendoeira descobre que "diz que sim à vida/ e fica de repente menina e noiva." Para Teresa Rita Lopes, "os meus sonhos situam-se sempre a Sul. Faro, Cacela ou Alcoutim. Cenários da minha infância de filha única a brincar sozinha. A esses sítios regresso em sonho ritualmente. Talvez para me encontrar com quem era e pressentir quem sou."

Foi uma honra para Faro que o quarto livro de poemas desta autora premiada com o prémio de Poesia da Câmara Municipal de Lisboa, o grande prémio de ensaio Unicer, o prémio de ensaio Pen Club e o prémio Eça de Queiroz de Poesia tenha sido apresentado na sua cidade natal, num dos locais que já é referência para o património cultural da cidade: o Pátio das Letras."


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