9 Janeiro, no Barlavento on line:
Celso Cruzeiro e Fernando Pessoa debatem «A Nova Esquerda» em Faro
«A Nova Esquerda - Raízes teóricas e horizonte político» é o tema da palestra-debate que vai ter lugar no sábado, às 17h00, no Pátio de Letras, em Faro, com a presença de Celso Cruzeiro e de Fernando Pessoa.
O ponto de partida será o livro da autoria do advogado Celso Cruzeiro, com o mesmo título, lançado em Novembro passado, em que o autor faz uma espécie de testamento político numa viagem ao interior do marxismo.
Na apresentação do livro em Lisboa, Celso Cruzeiro tinha afirmado que «não podemos procurar as soluções para as questões conflituais e sociais nas páginas X do "Capital" que Marx escreveu, nós não temos que regressar a Marx nesse sentido, nós temos é de trazer Marx aos dias de hoje e ver até que ponto e em que medida a teoria marxista nos ajuda a perceber a complexidade nova que ele não viu porque não existia no tempo dele».
Celso Cruzeiro garantiu que este era o «livro que queria fazer antes de morrer» e que lhe permitiu evoluir e mudar esquemas de pensamento, alertando para a falta de capacidade de «avançar», rompendo com as ideias concebidas há séculos.
«Aflige-me muito que na complexidade das sociedades modernas de hoje nós tentemos demonstrar de um ponto de vista de um texto de mais de um século atrás uma solução e nos lamentemos que o texto não seja maior. É porque não somos capazes de, no texto ou na prática, avançar», afirmou o autor.
«É enquanto vivemos que nos compete fazermos aquilo que nos parece provisoriamente que deve ser feito», acrescentou.
O outro palestrante é o arquitecto paisagista Fernando Pessoa, que muitas vezes tem reflectido sobre os rumos da Esquerda, como aliás o fez no texto de opinião publicado na edição desta quinta-feira, dia 8 de Janeiro, nas páginas do semanário «barlavento».
«No PS, como aliás em todos os partidos socialistas europeus desde o desmoronamento do bloco soviético, perdeu-se, para a maioria dos seus militantes e simpatizantes, a noção da identidade de esquerda democrática. O PS de Sócrates pratica uma política liberal com uns veios ou afloramentos (mitigados) de social, demasiado evidente para poder continuar a reivindicar-se de esquerda», escreveu Fernando Pessoa.
«Onde está a verdadeira esquerda do PS? Ouve-se a voz quase isolada de Manuel Alegre, que ao conseguir mais de um milhão de votos nas Presidenciais, guarda um invejável capital de credibilidade – mas é ele, então e os outros? Onde estão os socialistas do PS? Esta falta de clareza nas opções político-ideológicas dos principais partidos portugueses carece de urgente clarificação, a curto prazo», acrescentou no seu artigo.
«A ala esquerda do PS encontra aliança lógica no BE, podendo formar com ele um partido de esquerda democrática; certamente, no BE algumas franjas mais próximas do leninismo acabarão por se aliar ao PCP. Ficaríamos assim com um leque partidário arrumado de forma mais compreensível – um partido bem definido à direita, um partido social liberal ao centro, um partido de socialismo de esquerda democrática; e depois o PCP, onde pontificam o leninismo e alguns vislumbres de estalinismo (como não há outro da Europa!!)», escreveu ainda Fernando Pessoa, no artigo publicado esta quinta-feira no «barlavento».
Com estes dois pensadores, a palestra-debate marcada para sábado no Pátio de Letras, em Faro, promete uma viva troca de ideias. A entrada é livre.
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