Nasceu em 1867 na Foz do Douro, e dedicou-se desde muito novo ao jornalismo, que lhe proporcionou um posto de observação da actualidade política e social, bases das suas reflexões filosóficas sobre as questões morais palpitantes. No recolhimento campestre da sua Casa do Alto, perto de Guimarães, povoado de gratas reminiscências da infância e de saudades dos mortos queridos, alternou os períodos febris de composição literária com as sedativas ocupações de pequeno proprietário agrícola.
Estreou-se com "Impressões e Paisagens" (1890), uma colectânea de contos naturalistas. Colaborou depois na composição do folheto "Nefelibatas" (1893), e publicou no Correio da Manhã (1895 e 1896) reportagens impressionistas sobre os vícios e misérias da capital, e ensaios de crítica literária, em que propõe um conceito original de teatro, que "deveria debater um grande problema social ou psicológico", e interessar o público com "peças sintéticas" que fossem "populares e humanas". Realiza mais tarde este programa com peças como "O Gebo e a Sombra", "O Rei Imaginário", "O doido e a morte" (Teatro, 1923), e "O Avejão" (1929).
As obras mais importantes da sua fase de maturidade foram: "Os Pobres" (1906), "A Farsa" (s.d.), "Húmus" (1917), "O Pobre de pedir" (1931), obras em que o literato cede lugar ao "velho filosófico", absorvido pela meditação sobre a condição humana. O seu estilo, essencialmente poético, é caracterizado pela ingenuidade sensorial e por uma sintaxe sem estruturação gramatical rigorosa, mas fremente de ritmos vitais significativos. Raul Brandão morre em Lisboa, em 1930.
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